quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Diversidade

Robson Lima de Souza – Membro do Somos Um

(Texto escrito a partir de uma discussão sobre diversidade, que envolveu alunos e professores que compõem o grupo Somos Um, da Escola de Música da UFRJ, para a apresentação de final de ano de 2011)



Pensamos, que devemos aceitar o desafio, no difícil exercício de respeitar, acolher e compartilhar com o diferente. Respeitar o outro na sua singularidade, reconhecendo o seu direito de ser como é, ainda que exótico aos nossos olhos. Não querendo lhe impor padrões majoritários de estilos, condutas e comportamentos, mas convivendo sem induzir à repressão de impulsos e instintos naturais, estimulando a adoção de uma cultura de tolerância e não violência e buscando estabelecer a empatia para compreender de forma pacífica as motivações do outro, como uma espécie de antídoto ao ódio que nasce, principalmente do desconhecimento, do medo do outro diferente, e do que não nos é familiar.  Entendendo que a mais alta evolução e desenvolvimento das potencialidades humanas, só é possível em um ambiente de total liberdade.


Entender que a pluralidade e a diversidade comportam em si um potencial enriquecedor, pois é a partir do encontro entre os diferentes, que se permite até mesmo o atrito em alguns casos, e assim a comparação entre uns e outros e a conseqüente escolha do que seja mais adequado e benéfico para todos. Pois somente conhecendo o diverso é que se pode fazer opções conscientes e maduras. Entendo ainda que a complexa busca da coexistência harmônica e pacífica dos diferentes e, eventualmente dos contrários, há que se nortear por alguns princípios mínimos, de que, a singularidade, estilos e naturezas peculiares não poderão jamais ser evocados para assegurar vantagens e interesses de indivíduos e/ou grupos, que se sobreponham e que possam trazer prejuízos ou ofensas aos direitos e interesses dos demais e da sociedade como um todo; pela prioridade e supremacia dos interesses da coletividade sobre os interesses dos indivíduos e da supremacia dos interesses públicos aos interesses privados. Entendendo como condição para o alcance desse estágio de convívio, o compartilhamento lato do conhecimento, da informação e do esclarecimento, estimulando a compreensão da possibilidade de alcançar o bem individual a partir, e como conseqüência, do bem comum. Pois, obviamente se há um bem para a coletividade, o indivíduo que é dela um integrante e dela participa se beneficiará automaticamente. Sendo esta uma forma de exercício da liberdade com responsabilidade, nos entendendo cada um como parte de um todo que só poderá gozar de alegria e satisfação verdadeiras, prosperando juntos, como um todo, pois ninguém será verdadeiramente livre enquanto todos não forem livres. Empreender a luta pelo acesso universal da educação apoiada sobre os mais elevados valores éticos como forma de diluir preconceitos de toda espécie, discriminação, intolerância e segregação, e a propagação da cultura da não violência. Pois como podemos querer ter a cabeça fria, se vivermos ateando fogo ao nosso redor?


E então, neste cenário almejado de liberdades, valorização máxima e reconhecimento do primor do trabalho fecundo e seus agentes, desenvolver esforço coletivo para garantir igualdade de condições a todos nas mais variadas situações de vida, para que cada um possa se afirmar no mundo em pleno desenvolvimento de suas aptidões pessoais e assim apresentar confiante seus pontos de vista subjetivos e parciais, e dessa forma contribuir para novas reflexões a partir das novas considerações apresentadas. Não desperdiçar por falta de oportunidades de educação, o potencial contido em cada um em benefício de toda a humanidade, substituindo a competição deletéria pela cooperação e colaboração. Pois como dizem os versos de Bertold Brecht: Se você sabe o caminho, mostre-nos, convença-nos de seu acerto, mas não vá sozinho, não siga sozinho, pois o mais certo dos caminhos, sozinho, é o mais errado de todos. E como diz também a letra do antigo samba: “Se o malandro soubesse como é bom ser honesto, ele seria honesto só por malandragem”.

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